quarta-feira, 27 de maio de 2009

Kathleen Hanna saved my life


“As histórias de Sylvia Path são contadas à meninas que escrevem. Quem mesmo me disse que todas as meninas poetas tem que suicidar? Eu tenho uma outra (piada) boa para você: estamos transformando letra de mão em facas!”

Bikini Kill - Bloody Ice Cream

p.s.: Sylvia Path foi uma importante poeta estadunidense. Nunca li nada da obra dela, mas sei que se matou num forno de gás (por pouco não matou os filhos também). No cinema, foi interpretada por Gwyneth Paltrow no filme Sylvia - Paixão além das palavras de 2003.

domingo, 24 de maio de 2009

Estranho masoquismo


Existem duas formas de se escrever. A primeira, e mais estranha, é quando as coisas brotam e você tem que por no papel. A segunda, mais frequente e mais difícil, é o parto. Para parir, geralmente você é obrigado (até por si mesmo) a escrever. Não é que não haja motivação, mas é preciso pesquisar, espremer, forçar até conseguir por no mundo o que se pretende. E nem sempre se é bem sucedido.

O que sinceramente me incomoda nesse processo é o caminho inevitável: cérebro – mão – folha em branco. É um caminho também inverso: a folha em branco oprime a mão que censura o pensamento. Meu sonho era por um fim nisso. A figura perfeita seria ideias impressas: cabeça e papel intimamente ligados. Mas como não sei desenhar, escrevo.

Clarice na foto porque foi a resposta com mais sentido que encontrei até hoje: "Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há nada para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.”

Esse trecho de A hora da estrela simplesmente me fez enxergar o meu futuro. E o que eu vi? Bem, um copo de café, um óculos e a folha em branco.


p.s.: pronto desabafei! E por incrível que pareça, sem nenhuma música na cabeça... (odeio/amo rimas)