segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Beleza irlandesa


Linger - The Cranberries

Era um dia típico de janeiro. Calor abafado e tardes ociosas na casa da tia. Havia acabado “Vale a pena ver de novo” e todos haviam saído da sala. Só uma menina permanecia lá. Deitada no chão, ela olhava para o teto branco e maldizia o suor que, ainda sim, teimava em molhar suas costas. Quem a visse, diria que era uma garota comum. Por certo, ela deveria se arrumar mais…deixar de ser um tanto moleca. Mas, afinal, a garota ainda tinha 13 anos e haveria tempo para isso.

Enquanto a menina viajava, para sei lá onde, o primo ligou o som da casa na maior altura. E vejam: ainda era daqueles aparelhos pretos, com rádio, toca disco e toca fita. O toca CD era separado e foi comprado depois, um clássico dos anos 90. Pois bem, o primo era uns dez anos mais velho que a garota e desta vez ele colocou para tocar Linger, do The Cranberries.

De repente, ela não estava mais ali. Era um lugar como aquelas estações de trem inglesas, do início do século XX [estilo aquela estação que a escritora Virginia Woolf (Nicole Kidman) quase foge para Londres, no filme As Horas]. E ventava, e ela estava com uma longa capa de viagem. Quando acordou, havia uma ligeira baba na almofada.

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Anos depois, finalmente Linger era minha. A situação foi bem simples: eu queria ir para um show lá no Cepal do Setor Sul e a minha mãe, implicante, não me deixou ir. Resultado: chorei a tarde toda (na época que eu ainda chorava) e neguei o convite de ir para o shopping com ela. Mais tarde, chega a Dona Marly e a minha irmã todas felizes. Minha mãe me chama, eu finjo que estou dormindo e ela me dá o álbum Stars do The Cranberries. Tudo foi esquecido.

Mas o clip de Linger, eu só fui ver ainda mais tarde. Sabe aqueles almoços de família em que você se sente totalmente deslocada e acaba assistindo TV a tarde inteira? Então, foi num desses dias que vi o vídeo em questão. Um outro primo passou pela sala e falou para eu assistir algum dos DVDs que ele tinha. Olhei e escolhi um de flashbacks. Tinha de tudo lá…de Roxette à Michael Jackson. E também, The Cranberries.

Linger começa cheia de justaposição de significados. Farol, olho, farol, olho. Senhoritas presas, esconderijo de gangsters, projeção de mulheres sem roupa e Dolores O’Riordan numa agonia sufocante. Algo havia acabado, eles eram os últimos sobreviventes da velha ordem.

Depois, pedi o DVD emprestado…aliás, acho que ainda está em algum lugar aqui em casa. Naquela noite, quando todo mundo foi dormir, fui ver o clip de novo e não conseguia parar. Então, já caindo de sono…pausei o vídeo na cena desse olho. Final da história: insônia!


Ah... o link no YouTube: http://br.youtube.com/watch?v=BPLXJAWUnwI

3 comentários:

Unknown disse...

The Cranberries - me lembro de Animal instinct, que é na verdade a única música, e o clip tb, q realmente chamou minha atenção. eu gostei muito numa época - aliás, eu tenho esses surtos de uma música, q demoooramm pasar! huahauauh


mas animal instinct marcou um período massa da minha pobre existencia... deu até saldadz!

mas vc nem tá falando dessa música, huahuahua - por isso vou escutar a q vc indicou aí, q pelo jeito é muito boa!

Anônimo disse...

Nossa eu elmbro desse dia...mas não lembrava q vc tinha ficado!E foi eu quem decidiu o cd, tá!?

Cindy F. disse...

eu sou tipo super viciada em The Cranberries!
tenho dois dvd's (hoho)