domingo, 27 de dezembro de 2009

#Diários 001


Trecho do meu auto-presente de Natal, indicado pelo Túlio, resume todas as certezas que eu gostaria de ter.

“Agora conheço um pouco da minha capacidade… Sei o que quero fazer da minha vida, e tudo isso é tão simples, mas era tão difícil para mim saber ano passado. Quero dormir com muitas pessoas – quero viver e ter ódio de morrer – não vou lecionar e nem fazer mestrado depois da graduação… Não pretendo deixar que meu intelecto me domine e a última coisa que quero é cultuar o conhecimento ou as pessoas que têm conhecimento! Não dou a mínima para o acúmulo de fatos de ninguém, exceto de quando se tratar de uma reflexão sobre sensibilidade elementar, de que eu de fato preciso… Quero fazer tudo… ter um modo de avaliar a experiência – se me causa prazer ou dor, e tenho de ser muito cuidadosa quanto a rejeitar a dor – tenho de perceber a presença do prazer em toda parte e encontrá-lo também, pois ele está em toda parte! Quero me envolver completamente… tudo é importante! A única coisa que renuncio é a capacidade de renunciar, de recuar: a aceitação da mesmice e do intelecto. Eu estou viva… eu sou linda… o que mais existe?”

Diários de Susan Sontag

1947 – 1963



O que me chama atenção em ler diários, ou romances escritos como se fossem um, é a relação que o leitor cria com o escritor. Entre as intelectualidades de Susan encontrei alguém com atitudes possivelmente minhas. Eu adoro ler diários, porque ler intimidades. Ah, além de um super vocabulário de gírias úteis para a minha viagem à São Franscisco. Espero que as gírias durem mais de 60 anos nos Estados Unidos.

O verso do livro:

“Aos quinze anos, quando esses Diários têm início, no final dos anos 40, Sontag já demonstra um intelecto faminto por experiência e cultura. Em cada página de seus cadernos de anotações, aqui transcritos em seleção cuidadosa, a futura autora de enorme prestígio internacional detalha reflexões, revela um impressionante volume de leituras e descreve seu dia a dia, sem omitir sua bissexualidade, o breve casamento hétero aos dezoito anos – no qual gerou o filho único, David Rieff, organizador e prefaciador deste livro – e as intensas relações com mulheres que a levariam a repensar em profundidade suas noções de sexo, amor e parentesco, tudo isso antes dos trinta anos.”


p.s.: Na foto: Susan e, o filho, David.


Um comentário:

Eduardo Silveira disse...

Nossa, estou de passagem, e adorei o blog. Eu estava procurando trechos de livros da Anais Nin e cheguei até aqui e vi além dela maravilhas literárias e musicais (the smiths e cia). Vou guardar esse teu endereço. retorno. até.