Na verdade, eu havia escrito um monte de coisas sobre os anos 80. Coisas que apenas forjavam o raciocínio do texto. É que fingimos gostar desta década para simplesmente sentir um pouco da realidade que nunca nos pertenceu. Prova disso? Olha um trecho que não censurei da minha antiga versão:
“A década perdida, o fim das ilusões da Geração de 68, o surgimento da AIDS e o fim da Revolução Sexual, o socialismo realmente não iria salvar a Terra, “abertura lenta e gradual”, a derrota das “Diretas Já”, a morte de Tancredo Neves, Plano Cruzado, inflação. E nunca vamos esquecer do elemento químico Césio 137 (Goiânia, 13 de setembro de 1987). Realmente, não tenho noção alguma do que seria passar por metade desses acontecimentos, talvez por isso, o contexto me fascina tanto.”
“E mentir é fácil demais…” haha. Confesso que a idéia de década perdida é uma conquistadora fatal! Como uma pessoa como eu, não iria glorificar a década que nasceu? Ainda mais, sendo ela a geração direta dos meus pais e, literalmente, a década perdida? Fascínio sobre a derrota? Talvez. Só não nego, os sucessos (românticos, e por que não?) que, às vezes, brotam no meu player. Mais brega que nunca. E mais sincero, que muitos! Vamos lá, baby!
Nº 1- Spendy My Time (Roxette):
Já entreguei no post anterior. Os suecos Marie Fredriksson e Per Gessle conseguem transformar a dor-de-cotovelo em algo humanamente belo. Quando o verso “Spendy My Time” ecoa, parece que Marie canta por todos nós. Quem nunca perdeu o seu precioso tempo com alguém indiferente? Eis a grande sacada da universalidade de temas, com a pitada de talento natural para marcar época.
Nº 2 – Slave to Love (Bryan Ferry):
Se eu contar como me apaixonei por essa daqui, ninguém acredita. Ou melhor, uns acreditam sim (hoho). Envolvendo seriado, sabe?! Mas assim, de repente, basta aquela voz…sexy (por falta de um adjetivo melhor) a cantar: “-In the usual place”. Usual place, cativa como nenhum Pink Floyd da vida conseguiu me balançar. Óh, que simplório o gosto musical da Marcela?! Pois bem, “Somos jovens demais / Para ter juízo / E adultos demais / Para sonhar”…Slave to love, na na na na.
Nº3 - Time after Time (Cyndi Lauper):
Não tem como falar desse período sem a “patinha feia do rock” (de acordo com minha mãe, esse era um apelido de Cyndi na época). Cabelos coloridos, cortes malucos em uma época que fazer música pop, no sentido mais popular da palavra, ainda rimava sinceridade com sucesso. Coisas que só o pioneirismo consegue criar.
Nº 4 - I've Had The Time Of My Life (Dirty Dancing) :
Trilha Sonora de um dos filmes que eu mais assisti na vida. Sessão da Tarde das mais queridas de todo o mundo, Dirty Dancing conta a história da riquinha e do lindo professor de dança de um resort. Conto de fadas moderno enlatado e devorado pelos jovens dos anos 80 e por nós, crianças na década de 90. E vou parar de falar, antes da lágrima escorrer...
Nº 5 – O Amor e O Poder (Rosana) :
Não podia deixar de fora um sucesso brasileiro. Mesmo que não seja tãão brasileiro assim! Composição original é de C.Derouge, G.Mende, M.Applegate e J.Rush Â, que só a Deusa sabe quem é...E foi na voz de Rosana que a canção se popularizou. Nunca vou saber dizer, o que seria ver no Fantástico em 1987, a Rosana surgindo em meio a fumaças características e felinos ameaçadores. Por mais brega, ridícula que seja…quando a Rosana canta “A fim de dividir / no fundo do prazer / o amor e o poder” vem uma coisa no peito, quem nem sei dizer! Haha. Se é algo ruim ou bom, talvez nunca saiba responder. O engraçado é que a "musa" dá uma de Cyndi Lauper, meio Elvira – Rainha das Trevas. Pena que se esquece da rebeldia original, e em troca…o sucesso estrondoso. E único na carreira da cantora!
p.s.: Brega até o fio de cabelo. Quem nega isso, nega o verdadeiro espírito oitentista. Aquele que eu amo. And, I am slave to love..nananana.