domingo, 28 de fevereiro de 2010

sobre tempo e espaço

“Já não me preocupo se eu não sei por que / Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê / E eu sei que você sabe / Quase sem querer / Que eu vejo o mesmo que você”

Muitas vezes tenho a impressão de que minha vida dá dicas sobre fases seguintes. Às vezes, as pistas ficam tão claras que me assustam… às vezes tudo é bem sutil. Quando eu tinha 15 ainda não tinha essa superstição, mas já havia contraído a mania de ligar fatos. Eu tinha 15 anos e chovia. Com 15, eu acabava de chegar do colégio, pegava o violão e ligava o rádio por volta das seis. Nesse horário passava um programa que tocava os cinco flashbacks mais pedidos do dia. Eu tinha 15, não tinha internet, ouvia rádio e colecionava cds. Era outro tempo e eu hoje entendo que não pertence a outra vida somente pelo ocorrido em seguida.

Bem, eu liguei o rádio e tocava Legião Urbana. Certeza! Não, eu não conhecia a música, nunca tinha ouvido mesmo. Mas sei lá, eu sabia… deve ser pela bateria do Bonfá. Então, o Renato começou a cantar e eu vi que tinha acertado. Eu não estava triste no dia, a música não era triste mas chovia. E sem entender o porque daquilo, veio uma onda de choro incontrolável. Isso nunca mais aconteceu. Chorei de molhar a blusa e soluçar, 4’40’’ de choro desesperado e sem sentido aparente.

Agora, quase sete anos depois, eu descobri. Descobri que chorava por antecipação. Nessa época, eu caminhava por lugares muito próximos a ele mas não o conhecia. Quando isso mudou, quando descobrimos nossa canção, foi ele quem mudou-se.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Dica para Björk

Existe uma diferença básica entre cover e versão. Cover é simplesmente a execução de uma canção por fãs (sejam eles músicos profissionais ou não). Existem muitos convers bons por aí, mas quase nunca são melhores que a versão original. Já na versão, o artista pega uma obra pronta e destila sentimento próprio naquilo. Muitas versões soam melhores que as originais.

Não quero parecer pretensiosa, nem nada. Mas, na minha reles opinião, esse garoto de nome exótico conseguiu pegar a belíssima letra da Björk e imprimir seu ponto de vista. Ponto para ele, o resultado é lindo. Talvez, Björk devesse adotar como a oficial. Ouça, porque essa merece: Unravel versão (e não cover) de Demetryus Gua.

Unravel – Björk

Enquanto você está longe

Meu coração se desfaz

Lentamente desfia

Em uma bola de fios

O diabo a pega

Com sorriso malicioso

Nosso amor, nosso amor

Em uma bola de fios.

Ele nunca devolverá…

Então, quando você voltar

Teremos que fazer um novo amor.


Ele nunca devolverá…



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

#Diários 002 - algo sobre amor


1º/12/56

“(…) Existe um tipo de sentimento de amor, um ou dois tipos básicos (o outro é o amor-dependência) que é inteiramente impessoal – ele domina a pessoa + aquele em quem ele se fixa pode ser um objeto perfeitamente grotesco. Se esse amor é irremediável, não faz nenhum sentido insultar a si mesmo – sofra isso, deixe que a consciência do seu caráter manifestamente grotesco ajude a fazer esse amor passar. (…) As bochechas ficam ardentes; o chão foge de seus pés.

Dizer ‘eu amo’ por conta desse tipo de sentimento é impertinente. É só ‘amor’, o qual toma conta de mim e me dirige para X. Quanto ao outro tipo básico de amor, o amor-dependência, é adequado dizer ‘eu amo’; de fato, aqui, o ‘eu’ é mais importante do que ‘amo’. (…)

Para cada pessoa existe uma gama muito limitada de tipos de gente por quem ele – poderia se apaixonar desse modo.

Por exemplo, eu nunca poderia me apaixonar por alguém que fosse – o quê?”

Diários Susan Sontag 1947 - 1963


p.s. 1: adoro ler diários. Então, se você tem um não me leve ao seu quarto ou tenha com cuidado.

p.s. 2: Esse post é continuação do #Diários 001.