Há dias me pergunto o que falar sobre essa viagem. Ou melhor, o que é pior: o que escrever? Sai de Goiânia sem esperar nada, não no sentido de desilusão, mas no sentido de dar preferência às surpresas. É bem isso, acho que eu queria me surpreender. Mas claro, também esperava ver os tais estereótipos da Bahia. E é daí que surgiu o principal marco da viagem: a contradição.
Para começar após 26 horas de viagem, a chegada na primeira capital da nossa nação, que prefere ser chamada de nação, foi logo um tapa na cara. Pensei na hora, ah…chegamos pelo lado “b” da cidade. Com exceção de um shopping e do palacete que é a sede da Igreja Universal do Reino de Deus, foi só favela a paisagem da primeira noite em Salvador.
Então, ficamos num bairro chamado Caixa d’Água (para quem não conhece fica após o bairro da Liberdade, perto do IAPI e do Pau-Miúdo). E o resto da história? Se resume em tudo de mais belo e feio, baseado nos conceitos mais tradicionais destas palavras. O azul infinito daquelas praias, a vista e o pôr-do-sol no Farol da Barra, os séculos de história do Pelourinho e a beleza quase intocada da Ilha do Frade estão de um lado.
Milhões de favelas, fedô de esgoto, criancinha pedindo esmola e os vendedores chatos de outro. Neste caso, negativo não anula positivo. Tudo ali faz se completa, afinal, foi ali onde nasceu isso que chamamos de Brasil.
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Musicalmente falando, descobri que os novos sucessos do verão baiano são Xana no Asfalto e Perereca pra Frente, Perereca pra trás. Ah... e não realizei meu sonho: andar por Salvador ao som da música O Canto da Cidade, da Daniela Mercury. Então percebemos que o nosso repertório baiano estava atrasado mais de uma década! Mas pelo menos, fiz hardcore na Bahia. Tudo bem que foi atrás do trio elétrico, entretanto...
Ainda sim, a minha trilha sonora da viagem não poderia ser outro além do Inkoma. Hardcore bem feito, ótimo vocal, pegada forte, boas letras e autenticamente baiano. E para quem não conhece, quem está nos vocais desta banda é a Pitty, há mais de 10 anos atrás.
"Mas o farol continua brilhando,
E os gringos continuam gastando,
A galera continua se aplicando,
O verão dá ibope na Bahia
Salve Salvador!
O maior vício é contaminar."
(Salve Salvador - Inkoma)