Alguma vez você saiu de casa puto para qualquer lugar
Sentindo raiva e desespero e prometendo nunca mais voltar
Procurando alguém para visitar e conversar, contar, chorar…
Descobre que já saiu voltando
Que se fodeu, ¨vou ter que voltar¨
Não sabe se quer
Não sabe o que é bom ou ruim
Não sabe sequer
O que você planta no seu jardim
Alguma vez você assumiu demagogia, covardia e sordidez
Não acredita em Deus e diz que se arrepende do que não fez
Qualquer vagabundo condenado é mais decente do que você
Pega os recados no celular
Respira fundo e vai trabalhar
Não sabe se quer
Não sabe o que é bom ou ruim
Não sabe sequer
O que você planta no seu jardim
Alguma vez você sentiu a mira de uma arma em sua direção
Um raio venenoso corta o ar sem eco, um teco seco e sem perdão
Sexo, sobrenome, pais e filhos, sua vida não vale um tostão
Duvida dos direitos humanos
Pensa em matar mas tem outros planos
Não sabe se quer
Não sabe o que é bom ou ruim
Não sabe sequer
O que você planta no seu jardim
terça-feira, 25 de maio de 2010
Jardim de Cactus: Dado + Paula
sábado, 15 de maio de 2010
A Era da Constituição
Nascemos na ressaca da ditadura, mas nessa época, nossos pais nunca haviam elegido presidente algum. Enquanto isso, Coca-Cola na mamadeira e loiras esdrúxulas faziam nossa alegria em frente a TV. Já frequentávamos supermercados, mas nunca entendemos realmente o porque de tantos pratos vazios. Esquecido esse problema, o tetracampeonato mundial de futebol nos tornou brasileiros. Descobrimos o sexo, ou ele nos descobriu, por volta dos oito anos, quando ralar na boquinha da garrafa era um hábito infantil. O mundo não acabou e, aos treze, nos ferimos pela primeira vez. Foi nesse ano que assistimos, no camarote da sala de estar, algo como aviões em arranha-céus indo ao chão. Particularmente, eu preferia o Cartoon. Crescemos ao som do desespero de gentes e coisas que não existem mais. Isso criou algo irreversível, não tínhamos idade mas vivíamos a saudade. Suspiramos hoje com razão, mas o sentido… cadê?
domingo, 2 de maio de 2010
C.F. Abreu
“Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. (…) Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti.”
Caio Fernando Abreu