foto: Túlio Moreira Rocha
Brasília confunde. Cidade x distrito. Os lugares são divididos por imensos vazios e recebem nomes técnicos, goianos e nordestinos. Parece tantos lugares, mas é um só. Plano Piloto, SQS, SBN, SOS, Taguatinga, Guará, Samambaia. O primeiro local que conheci foi mesmo a Ceilândia, onde “Santo-Cristo com a Winchester-22 deu cinco tiros no bandido traidor”. Porém, eu poderia ter nascido em Taguatinga ou estudar na UnB. Ao menos disso, Deus me livrou.
Se eu fosse brasiliense, a grandiosidade nunca teria me atingido em cheio. Clarice sentiu-se em Roma e eu estava no Egito. Brasília dói, expõe nossa mediocridade. Se meu avô não houvesse decido o planalto em 1987 e eu morasse em Taguatinga Sul, não haveria supresa: estação de metrô no meio da lama e ponto final. Mas conheceria muito melhor o nordeste do país e talvez usasse “tu” ao invés de “cê”. Rio Grande do Norte na rodoviária do Plano, candanga de nome Willy seria cotidiano. E isso é sério.
foto: Túlio Moreira Rocha
Brasília tem outras coisas estranhas. Ela te faz caminhar horas no meio do nada e te faz dar de cara com obras de arte. Assombro. É caprichosa, cruel, e ainda, interessante. Ônibus aos pedaços em cima da ponte, lanchas e yates embaixo da ponte. E a ponte é linda, arquitetura em função da arte. Brasília cospe na gente, mas a gente ama Brasília. É daqueles amores cruéis, que te bate e te beija. Em cima da Torre da TV, vemos o horizonte sem fim do Distrito Federal. Ainda lá em cima, lembrei: e isso é só um quadradinho no meio do Brasil.
foto: Túlio Moreira Rocha
p.s.1: Algo mais legível sobre Brasília no Diário de Metrô. Gracias aos companheiros de viagem: Mayara, Túlio, Lílian e Sérgio. E também para Zeuxis, Bruno e Belinha que nos receberam super bem. E claro, obrigada Willy. Graças à ela não fomos parar na Estrutural, à meia-noite. Em suas próprias palavras: "Eu fui um anjo que Deus enviou hoje para vocês". E, realmente foi.
foto: Túlio Moreira Rocha
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